“Ó Mãe de Deus, Maria Santíssima, quantas vezes tenho, pelos meus pecados, merecido o inferno! Talvez se houvesse executado a sentença desde o primeiro pecado meu, se, na vossa misericórdia para comigo, não tivésseis suspendido a ação da divina justiça; triunfando depois da dureza do meu coração, me reduzistes a por em vós a minha confiança. Ai! Em quantas outras faltas não teria caído depois, no meio dos perigos que me cercavam, se vós, ó Mãe Santíssima, não me tivésseis preservado pelas graças que me alcançastes. Ó minha Rainha, de que me servirão vossa misericórdia e os favores com que me tendes prevenido, se vier a condenar-me? Se houve um tempo em que não vos amava, de presente amo-vos, depois de Deus, acima de todas as coisas.

Não permitais, eu vos conjuro, que me separe de vós e de Deus, que por intermédio vosso me cumulou de tantas misericórdias. Amabilíssima Soberana minha, não consintais que eu vá odiar-vos e maldizer-vos eternamente no inferno. Podereis sofrer que se condene um dos vossos servos que vos ama? Ó Maria, que me respondeis? Condenar-me-ei? Serei condenado se vos abandono; mas quem teria coragem para vos abandonar? Como poderia esquecer o amor que me tendes consagrado? Não, não se perderá aquele que fielmente se recomenda a vós e a vós recorre. Ó minha Mãe, não me abandoneis a mim mesmo; de contrário perder-me-ei. Fazei que sempre recorra a vós. Salvai-me, esperança minha, preservai-me do inferno e primeiro que tudo do pecado, que só me pode precipitar no inferno.

– Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!"

(Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 280-282)